sábado, 13 de dezembro de 2008

Crucificação Pública

Tudo bem... a morte do menino João Roberto é um fato trágico e irreparável, fruto de um erro grosseiro cometido por dois policiais-militares no afã de cumprir sua tarefa da melhor forma possível.
Evidentemente nada trará de volta João Roberto e seus pais podem até ter a dor amenizada, mas esta estará sempre presente em seus corações. A essa dor, evidentemente também, nos solidarizamos.
Será que houve dolo na ação dos PMs ? Não, de forma nenhuma. Os dois PMs empreendiam uma perseguição acirrada a dois assaltantes à mão armada que haviam roubado com o uso de armas de fogo um carro e implantavam o terror nas ruas da Tijuca. Quem já esteve em uma situação dessas sabe que o calor da ação somado à adrenalina inevitável faz com que decisões erradas possam até ser tomadas. Tiros nas ruas, pressão do Comando para a redução dos índices de criminalidade na área do Batalhão, baixos salários que implicam em problemas familiares, cansaço por ter que trabalhar no 'bico' para complementar o salário fazem um somatório de fatores que contribuem decisivamente para a ocorrência deste fato e de outros semelhantes. Isso para não se falar que a PM sofre sérios problemas de recursos , inclusive de reciclagem de treinamento.
O júri popular seguiu, por instinto ou analisando os fatos, estes fatores todos.
Os PMs envolvidos nesta ação de trágico final não eram e não são criminosos. Caso fossem, não estariam naquela ocasião perseguindo perigosos assaltantes e sim praticando ' mineiras' e extorsões por aí ao invés de arriscarem a vida na defesa da sociedade.
Erraram? Indubitavelmente sim. Devem ir para a cadeia? Com a mais absoluta certeza não. Acertou o Juiz ao determinar o cumprimento de uma pena alternativa, de serviços comunitários. Cabe agora a PM submeter os dois policiais a acompanhamento psicológico e reciclagem intensa antes dos dois retornarem às ruas.
O Cabo William , para quem não sabe, não é nenhum monstro assassino. Salvo engano meu, ele é pai de um menino com necessidades especiais e tenho a mais absoluta certeza de que depois dos familiares do menino João Roberto, ele , o Cabo William, é um dos que mais sofre com esse desfecho trágico daquela ação.
Crucificá-lo e ao soldado em nome da 'moralidade, da 'ética' e da 'justiça' é embarcar no discurso fácil de se apontar o dedo e culpados da forma mais simplória.
Isso não é justiça. Isso é linchamento público.
Que toda esta situação contribua para que mais e mais os governos , os comandos das polícias e principalmente a sociedade entendam de uma vez por todas que sem uma polícia bem equipada , bem paga e bem treinada não se tem uma polícia de qualidade.
O resto é 'conversa para boi dormir.


FONTE : JORNAL O DIA ( BLOG DA SEGURANÇA 12/12/08)

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